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O Programa de Melhoramento Genético de Batata do Instituto Agronômico é um dos mais antigos do país, sendo que a produção de batata em território nacional se baseia em cultivares de batata importadas e desenvolvidas em países de clima temperado (Europa e América Latina). A batata é nativa das Cordilheiras dos Andes e foi levada para Europa por espanhóis, sendo adaptada às condições de países frios. Sendo assim, quando introduzida em países de clima tropical e subtropical tem seu potencial reduzido, já que não foram desenvolvidas para tias condições climáticas. Daí a importância do trabalho de melhoramento genético nacional.
No IAC, são envolvidas três de suas estações experimentais de pesquisa, visando obter variedades mais resistentes as principais doenças da batata como a Requeima e a Pinta Preta, assim como tolerantes ao calor. Na Unidade de Pesquisa de Mococa são realizados os cruzamentos e seleção para pinta preta. Na Unidade de Pesquisa de Itararé, devido as suas condições favoráveis de clima (frio e úmido), são selecionados os melhores genótipos para Requeima e em Ribeirão Preto são selecionadas as melhores variedades tolerantes ao calor, em trabalho conjunto e concomitantemente nas três unidades de pesquisa.
O principal objetivo do trabalho de melhoramento é disponibilizar aos produtores rurais paulistas e brasileiros cultivares adaptadas as diferentes condições edafoclimáticas, com tolerância as principais doenças e pragas que atacam a cultura, ou seja, novas cultivares de batata que necessitam de menor uso de defensivos e fertilizantes agrícolas, visando redução no custo de produção e proporcionando alimentos mais saudáveis a população.
Produtores rurais da região de São José do Rio Preto receberam uma doação das cultivares adaptadas para o clima quente, a fim de dar continuidade aos plantios experimentais do IAC. As batatas em questão são mais produtivas e de diferentes cores. “Estes novos cultivares que estão sendo desenvolvidos pelo IAC podem proporcionar a inclusão de novos produtores na cadeia produtiva da batata, ou seja, disponibilizando aos produtores mais uma opção de diversificação de culturas, uma vez que dependem de menor aporte de insumos e manejo mais fácil, possibilitando o cultivo também por pequenos produtores”, explica José Carlos Feltran, pesquisador do IAC.
As variações de cores na batata, se deve justamente ao melhoramento genético. “Neste processo sempre surgem novos indivíduos um diferente do outro, materiais que não são coloridos, com pele colorida e polpa clara, com polpa colorida e casca clara. A tonalidade da polpa, pode variar do creme até o roxo, com diversas oscilações de cores e mesclas”, esclarece José Carlos.
Mais crocante: Na cozinha, as batatas coloridas fazem sucesso em diversos pratos, que vão além da beleza das suas diferentes tonalidades. O sabor tem uma diferenciação muito grande entre as variedades e são mais crocantes do que a batata comprada em supermercados. “As batatas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico, no geral, têm menos água do que a batata comum, uma vez que o teor de matéria seca pode variar em até 6%. Parece pouco, mas faz muita diferença na hora do preparo, já que é a matéria seca que dá a crocância na batata, quando ela é frita ou assada”, destaca o pesquisador.
*Matéria publicada na edição 43- Agosto/Setembro 2021