Malvarisco e chambá: plantas medicinais são aliadas da saúde em dias frios e secos

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Foto: Divulgação

Com a proximidade da chegada do inverno, cuidar da imunidade faz toda diferença para controlar sintomas de gripes e outras doenças sazonais do período. E diversas plantas medicinais são aliadas nesse controle. Com um vasto trabalho na área e parceria estreita com a pesquisa, povos tradicionais e agricultores familiares, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão de extensão rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), atua na geração e divulgação de conhecimento sobre plantas medicinais, em parceria com a pesquisa, universidades e serviços de saúde pública, como o Sistema Único de Saúde (SUS).

O período mais frio e seco do ano também é conhecido como o mais propício para a manifestação de doenças das vias respiratórias e gripes. Neste ano, ainda se vive sob a sombra da pandemia da Covid-19 e ondas intensas de frio em épocas não tradicionais – como foi o caso das baixíssimas temperaturas registradas em maio, em pleno outono. Por isso, os cuidados com a saúde devem ser ainda mais intensificados, com necessidade de mais rigor na higiene e capricho na alimentação, que deve prover uma nutrição adequada, para que o organismo fique forte e apto a combater doenças.

Para os casos de alívio de sintomas de doenças respiratórias e gripes, a Farmocopeia Brasileira tem inúmeras plantas medicinais, com benefícios comprovados empírica e cientificamente. “Uma das riquezas nutricionais do Brasil é a diversidade de plantas cultivadas ou espontâneas, que o solo do país nos oferece. Outro ponto de destaque é a riqueza cultural que os povos tradicionais e os agricultores nos presenteiam ao longo de nossa história, com receitas oriundas de plantas que fazem bem a nossa saúde, as quais, cada vez mais, têm sua eficácia comprovada pela ciência. Desde o tradicional guaco e outras plantas conhecidas, nos últimos anos, pesquisadores encontraram no malvarisco – Plectranthus amboinicus (popular hortelã-gorda) e no chambá – Justicia pectoralis Jacq. (popular anador) reconhecidas propriedades medicinais, com substâncias bioativas de ação terapêutica, eficazes no combate e controle de sintomas como tosse; inflamações de garganta e pulmonares; útil em crises de asma, bronquite e chiado no peito etc.”, explica Maria Cláudia S. G. Blanco, engenheira agrônoma do Departamento de Extensão Rural (Dextru) da CATI.

Malvarisco e chambá: um pouco sobre os benefícios nutracêuticos e dicas de cultivo

A seguir, um pouco mais sobre as duas plantas e suas propriedades, com dicas de plantio, conforme o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e literaturas especializadas. “Nosso objetivo com essas dicas é incentivar pequenos agricultores a investir no cultivo dessas plantas e mostrar às pessoas, de forma geral, que também podem ser cultivadas em áreas pequenas de casa, algumas até em vasos, estimulando as preparações caseiras que ajudam na melhoria da imunidade e atenuam sintomas de doenças como gripes e resfriados”, explica Maria Cláudia, informando que os interessados podem adquirir mudas nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) e que, em Campinas, a população pode obter mudas e orientação junto ao Projeto Farmácia Viva, instalado em diversos Centros de Saúde, do SUS, em Campinas”. Já para os produtores, a agrônoma reforça que, para mais informações, procurem a Casa da Agricultura e/ou CATI Regional mais próximas.

De acordo com Maria Cláudia, além de oportunidade de geração de renda para produtores rurais e periurbanos, o cultivo com orientação técnica, dessas e de outras plantas medicinais, aumenta a oferta desses itens no mercado, com qualidade assegurada, os quais, de forma integrativa e complementar aos tratamentos estabelecidos, possibilitam a melhoria da saúde de um maior número de pessoas, pois geram maior quantidade de matéria-prima para muitas instituições de caráter assistencial e alguns serviços públicos municipais, que disponibilizam plantas medicinais para a população, in natura ou já processadas, em formulações medicamentosas simples como xarope e chá. “É o caso de programas como o de Fitoterapia de Campinas e os Serviços de Saúde Integrativa do SUS”.

Além de cursos e capacitação de técnicos de várias regiões paulistas, os quais são responsáveis pela difusão de conhecimento e tecnologia, na área de plantas medicinais e aromáticas, a CATI mantém um Horto/Matrizeiro em sua sede, em Campinas. “Desde a década de 1990, a instituição vem se firmando como um órgão referência em extensão rural nesse segmento, com o desenvolvimento do Projeto Farmácia Viva – Adote este remédio (realizado em sintonia com a pesquisa da SAA, por meio da APTA Regional de Pindamonhangaba e o Instituto Agronômico – IAC, e universidades), o qual foi aprimorado com a instalação de uma coleção de plantas matrizes com identificação botânica certificada, a partir da qual são produzidos kits de mudas e materiais técnicos com as orientações sobre cultivo e preparo de cada uma das plantas. Atualmente, estamos trabalhando com 50 espécies, as mais conhecidas e com propriedades comprovadas, cientifica e empiricamente, por comunidades tradicionais que fazem uso dessas plantas há séculos”, relata a agrônoma, destacando que entre as espécies cultivadas estão o guaco, o capim-cidreira, a babosa, o malvarisco, o ginseng brasileiro, a cavalinha e o açafrão-da-terra.

 

Malvarisco ou hortelã-gorda – Plectranthus amboinicus

Recomendações para plantio

Necessidade de luz:  pleno sol.

Necessidade de água: regas moderadas.

Espaçamento: 0,5m x 0,5m.

Propagação: estacas de galhos.

Observações de manejo cultual: planta herbácea, que pode ser plantada diretamente no canteiro ou em viveiro (mudas). Deve ser renovada anualmente, para melhor desenvolvimento.

Recomendações para colheita

Parte colhida: folhas.

Época de colheita: a partir de três meses do plantio. Colher as folhas mais velhas. Até quatro colheitas anuais.

Composição química: óleo essencial (timol, sesquiterpenos), mucilagem, quercetina, luteolina e outros.

Uso medicinal do malvarisco

Usado como antisséptico bucal, demulcente e balsâmico, contra tosse e inflamações da boca e da garganta.

 

Chambá ou anador- Justicia pectoralis  Jacq.

Recomendações para plantio

Necessidade de luz: pleno sol e meia-sombra.

Necessidade de água: regas moderadas em dias alternados.

Espaçamento: 0,3m x 0,4m.

Propagação: estacas de 15cm de comprimento ou ramos enraizados destacados da planta-mãe. Produzir mudas em viveiro (sombrite 50%) por 60 dias.

Observações de manejo cultural: planta herbácea, que prefere local exposto a um período de sol e outro de sombra.

Recomendações para colheita

Colher folhas antes do florescimento, no período da manhã, entre 9 e 10 horas, com cortes a 10cm do solo.

Composição química:  possui flavonoides como swertisina, swertiajaponina, ramnosil-2-swertisina e ramnosil-2-swertiajaponina. Contém traços de alcaloides indólicos, cumarina, dihidrocumarina, umbeliferona, beta-sitosterol, lignanas (justicina B, justicidina), betaína, ácidos palmítico e esteárico, ácido dihidroxifenilpropionico.

Uso medicinal do chambá

Planta muito utilizada para problemas respiratórios como inflamações pulmonares, tosse, como expectorante, sudorífica e útil em crises de asma, bronquite e chiado no peito.

Fonte: SAA