Foto: RICARDO PAULINO DE OLIVEIRA

O botulismo é uma doença/intoxicação causada pela ingestão e absorção intestinal de toxinas produzidas pelo Clostridium botulinum, uma bactéria, bastonete anaeróbio, formador de esporos, que acomete diferentes espécies inclusive o homem. O botulismo bovino também conhecido como “doença da vaca caída” ocorre em diversas regiões do país, principalmente nas regiões mais quentes e úmidas.
O Clostridium botulinum pode permanecer no solo e em matéria orgânica por longos períodos em sua forma resistente, os esporos, sem causar doença. Porém, quando encontram um ambiente favorável de anaerobiose, ou seja, sem oxigênio, os esporos germinam e produzem neurotoxinas. Após absorção pelo trato intestinal, as toxinas se ligam à receptores de terminações nervosas, resultando em paralisia flácida e morte do animal em virtude de parada respiratória. As toxinas C e D são as de maior importância epidemiológica. Um grama de toxina mata um animal adulto e cerca de um grama de matéria orgânica decomposta contaminada pode ter toxina suficiente para matar um bovino adulto.
Bovinos criados em pastagens deficientes em fósforo e/ou que recebam suplementação mineral inadequada desenvolvem osteofagia (hábito de roer ou chupar ossos), podendo ingerir as toxinas botulínicas presentes nestas carcaças.
Reservatórios de água, águas paradas e/ou açudes contaminados por carcaças de roedores, pequenas aves ou animais silvestres como tatus e tartarugas, também podem ser considerados como possíveis fontes de infecção para bovinos a campo e estabulados.
Nos últimos anos, diversos surtos de botulismo foram descritos na região, tendo como fonte de infecção a cama de frango, usada na suplementação alimentar de bovinos, devido à presença comum do agente no trato digestivo de aves. Após sua proibição em 2001 pela Instrução Normativa nº 15 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, como uma medida preventiva para se evitar a encefalite espongiforme bovina (BSE), a utilização de cama de frango como suplemento alimentar reduziu consideravelmente, contudo ainda tem sido relatada como uma das fontes de infecção para bovinos confinados, resultando na morte de elevado número de animais em uma propriedade.
Recentemente, tivemos um surto de botulismo bovino na região de São José do Rio Preto, aonde mais de cinquenta animais vieram a óbito.
O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, dados epidemiológicos e pela identificação de toxinas e/ou esporos de Clostridium botulinum no material analisado.
O tratamento indicado para o botulismo bovino é o soro antibotulínico C e D liofilizado, obtidas a partir de imunoglobulinas específicas, purificadas, concentradas e liofilizadas, obtidas do soro de equinos sadios hiperimunizados com toxina botulínica, antibióticos à base de penicilinas e fluidoterapia de suporte.
A melhoria das condições ambientais e sanitárias, manejo nutricional adequado, vacinação de todo rebanho contra o botulismo e utilização de fontes seguras de insumos na alimentação, são algumas das medidas preventivas contra a doença.

Artigo Especial a revista Magazine AgroFest

RICARDO PAULINO DE OLIVEIRA
MÉDICO VETERINÁRIO / CRMV/SP nº 22.290