Foto: Leandro Gasparetti
A expectativa pela renovação antecipada de cinco concessões ferroviárias, que começam a vencer daqui a 15 anos, movimenta os players do setor. Os contratos, previstos pelo governo federal para serem assinados entre este e o próximo ano, envolvem mais de 13 mil quilômetros de estradas de ferro e devem receber até R$ 25 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos. O diagnóstico é da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).
De acordo com a entidade, o intuito do governo em realizar esta renovação de forma imediata por mais 30 anos é promover uma repactuação dos compromissos assumidos em cada trecho e estipular novas metas de investimentos, ocasionando aumento na malha ferroviária e na capacidade de transporte instalada no País.
Para o presidente da Abifer, Vicente Abate, um dos segmentos que deve ter alta significativa no transporte ferroviário com as prorrogações é o de commodities agrícolas. Abate acredita que, assim que as renovações forem se concretizando o escoamento de grãos por ferrovias também deve crescer, algo que pode acontecer já em 2018. “Atualmente, as cargas agrícolas são responsáveis por aproximadamente 12% do transporte ferroviário nacional e este percentual deve se elevar ainda mais com as prorrogações, pois são produtos cada vez mais movimentados por meio de ferrovias”, afirma.
Segundo ele, outro fator que será responsável por essa alta é a super-safra que o País está tendo recentemente. Segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa para a safra nacional de grãos é de um novo recorde. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve chegar a 242,1 milhões de toneladas em 2017, um aumento de 31,1% sobre 2016, ano que registrou 184,7 milhões de toneladas.
“Para atender toda essa demanda, a indústria ferroviária está investindo ainda mais na fabricação de vagões, produtos e serviços específicos para o mercado agrícola”, ressalta o dirigente. Abate enfatiza, ainda, que a perspectiva de aumento de demanda terá também impacto positivo na cadeia de fornecedores de manutenção e renovação de equipamentos e tecnologias.
Concessões
A primeira das cinco concessões que devem ser prorrogadas por mais 30 anos é a Malha Paulista, operada pelo Rumo Logística, que já está em processo de audiência pública. O trajeto interliga os Estados de São Paulo e Minas Gerais, por meio de uma linha férrea com 1.989 km atualmente.
Logo depois, será a vez dos trilhos da MRS Logística, que possuem 1.674 km de extensão e conectam os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Na sequência, virão a Estrada de Ferro Vitória-Minas (com 905 km, que atende aos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais) e a Estrada de Ferro Carajás (com 892 km, que liga os Estados do Pará e do Maranhão) – ambas operadas pela VLI Logística, por meio de concessão da Vale. Por fim, a Ferrovia Centro-Atlântica (que possui 8.066 km e passa pelos Estados de Brasília, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo), também sob gestão da VLI.