Por Prof. MSc. Lucas Chaves De Paula
Zootecnista e MSc. em Ciência Animal
CRMV/SP nº 3.853/Z
O Brasil se destaca como grande personagem no mercado da carne bovina mundial, atingindo a cada dia novos patamares, tanto em quantidade quanto em qualidade, tornando a pecuária de corte brasileira um mercado em constante ascensão.
Diante desse crescimento, assuntos relacionados a qualidade da carne produzida são cada vez mais colocados em pauta, de modo que se tornou um grande ramo a ser explorado desde o campo até a mesa.
Quando o assunto é o campo, a qualidade da carne é influenciada por diversos fatores que podem ser melhorados dentro da fazenda, e quando alinhados de maneira adequada, resultam em eficiência produtiva e características de carne cada vez mais procuradas pelo consumidor final.
Um fator de destaque é a nutrição em seus diversos pontos. Um exemplo muito discutido é nutrição de fêmeas gestantes que tem grande importância para que possamos obter um animal que produza carne de qualidade, já que é na gestação que são formadas as estruturas que fazem um animal de boa qualidade, com foco na carne que ele irá produzir no fim do ciclo. A deficiência nutricional tanto na gestação da matriz, quanto nas fases de desenvolvimento do bovino podem impactar negativamente nos resultados, como no acabamento da carcaça, por exemplo.
Outro ponto importante para se obter uma carne de qualidade é a sanidade do rebanho, já que ela tem grande participação no desempenho do animal produzido. Um animal doente além de não atingir um bom desempenho em seu desenvolvimento, traz prejuízo e riscos à saúde de todo o rebanho e de quem consome sua carne, por isso o uso de vacinas e medicamentos, quando necessário, são imprescindíveis para termos carne de qualidade.
O bem-estar dos animais é fundamental na produção de carne, e agrega cada vez mais valor ao produto, já que o animal livre de estresse se desenvolve de maneira mais eficiente e torna o processo mais seguro, tanto para o homem quanto para o animal. O uso de instalações, manejo e técnicas que proporcionem bem-estar animal diminuem consideravelmente casos de óbitos de animais, contusões de carcaças, abcessos e outros problemas que decorem de praticas estressantes. Fora da porteira o bem-estar também está presente, e aliado a boas praticas de transporte é crucial para bons resultados.
A genética e as biotecnologias da reprodução têm tomado destaque neste assunto, ajudando bastante a introduzir características de grande apelo, como é o caso do marmoreio. O uso de sêmen de touros melhoradores com características como essa estão levando a pecuária e a qualidade de carne a outro nível.
Hoje as técnicas de abate e a tecnologia disponível tem diminuído cada vez mais as perdas dentro do frigorifico, os processos de esfola e resfriamento da carcaça, são exemplos de como melhorar a qualidade de carne e os padrões de corte que chegam ao mercado. Mas, de nada vale se no final de todo esse processo se na comercialização e no preparo da carne, nós não tomarmos os devidos cuidados com esse alimento tão rico e nutritivo.
Por fim, para alinhar estratégias e métodos que melhorem esses e outros pontos dentro e fora das propriedades e possam chegar com nível mais elevado de qualidade ao consumidor final, é importante que a cadeia produtiva da carne tenha a disposição Zootecnistas capacitados para acompanhar e aprimorar tanto a lucratividade quanto à qualidade da carne que chega à nossa mesa.
*Matéria da edição 48- Junho/Julho 2022 da Revista Magazine Agrofest